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quinta-feira, 13 de maio de 2010

Ampliar acesso à universidade é maior desafio

Os dados sobre o perfil dos alunos aprovados no último vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) preocupa os especialistas: a maioria é proveniente de escolas particulares, branca e não trabalha. Há muito vem se discutindo a elitização do ensino superior no país e esse será um dos temas abordados na primeira edição do ano do projeto Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte, uma realização da TRIBUNA DO NORTE, Fiern, Fecomércio/RN e RG Salamanca Investimentos, com patrocínio do Governo do Estado, Assembléia Legislativa, Câmara Municipal e UnP. O seminário será realizado no próximo dia 17, no auditório Albano Franco, na Casa da Indústria, a partir das 8h.


Os dados divulgados pela Comissão Permanente do Vestibular (Comperve) da UFRN mostram que embora a maioria dos inscritos no processo seletivo seja oriunda de escolas públicas, a maior parte dos aprovados é da rede particular. 49,2% dos inscritos são da rede pública, mas apenas 42,5% dos matriculados são oriundos da educação estatal. Enquanto isso, 51,4% do total de aprovados no último vestibular estudaram em escolas privadas.

Para a doutora em Educação e diretora do Instituto de Desenvolvimento da Educação (IDE), Cláudia Santa Rosa, isso demonstra que a universidade federal é frequentada principalmente pelas classes média e média alta. “Que é quem pode pagar pela educação privada”, diz.

Para o reitor Ivonildo Rêgo a elitização do ensino superior não pode ser negada, mas ele ressalta que está em curso um processo que visa amenizar essa discrepância. Segundo ele, a UFRN tem se preocupado com a ampliação no número de vagas, expansão dos cursos noturnos, na assistência ao aluno – através de bolsas auxílio –, e também na introdução de um mecanismo para ampliar o universo de alunos da rede pública que ingressam na instituição, sobretudo nos cursos mais concorridos como direito e medicina.

“Nós criamos o argumento de inclusão. Optamos por trabalhar com a condição socioeconômica do aluno que é verificada pela origem de sua formação escolar – se na rede pública ou privada”, explica o reitor. O argumento de inclusão é uma bonificação de cerca de 10% em cima da nota do aluno que cursou o ensino fundamental e médio na escola pública. Mas para ter direito a esse bônus, ele precisa passar na primeira fase do vestibular.

Para os que conseguem ultrapassar a barreira da concorrência com alunos da rede privada, ainda restam outros obstáculos. “Uma formação deficiente na educação básica faz diferença ao longo do curso de graduação”, acredita Cláudia Santa Rosa. Ela compara a educação à estrutura de um prédio: “quando os alicerces não são bem feitos, quando a base é deficiente, há um grande risco dessa estrutura desabar”.

Tanto a presidente do IDE quanto o reitor concordam em um ponto: o que vai resolver a questão definitivamente é a melhoria da qualidade da educação básica pública. “Quando eu cursei o ensino médio, quem entrava na UFRN eram os alunos da rede pública. A realidade mudou e precisamos retomar esse processo. Mas isso não acontece em cinco ou seis anos. É um processo de longo prazo, implementado através de políticas públicas eficazes”, diz Ivonildo Rêgo.

Reitor da UFRN defende argumento de inclusão

O assunto é polêmico: é justo dar uma pontuação extra ao estudante apenas por ele ter cursado o ensino fundamental e médio na rede pública? Há pelo menos cinco anos estudantes, professores e especialistas na área da educação debatem. O que há de concreto é que, justo ou não, o argumento de inclusão está abrindo as portas da universidade para jovens que, anteriormente, já se sentiam fora da briga por uma vaga.

Para se ter uma ideia, no ano passado, para o curso de medicina, seis estudantes entraram pelo argumento de inclusão. Este ano, foram 25. “A medida que os alunos vão observando que esse argumento de inclusão está funcionando, vai aumentando a confiança neles próprios, de que com esse bônus eles têm chances reais de serem aprovados”, diz o reitor da UFRN, Ivonildo Rêgo.

Para a doutora em Educação e diretora do Instituto de Desenvolvimento da Educação (IDE), Cláudia Santa Rosa, o bônus apenas tira o foco da verdadeira discussão que deve ser a melhoria da qualidade do ensino fundamental na escola pública. “É preciso que o Estado garanta o direito a educação pública de qualidade para que esses estudantes não tenham que recorrer a subterfúgios para ingressar na universidade”, afirma.

Correto ou errado, o fato é que o argumento de inclusão criou uma perspectiva para esses estudantes mais carentes. Um exemplo disso foi o primeiro lugar no vestibular deste ano conseguido por Jocekleyton Ramalho da Silva, aluno que cursou todo o ensino fundamental e médio em escola pública, morador de um dos bairros mais carentes da capital, e que conseguiu ser aprovado em medicina. “Essa história mostra para outros estudantes que eles têm condições de entrar na UFRN”, afirma o reitor Ivonildo Rêgo.


Agecom

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